” A angústia é o único afeto que não mente” dizia, Lacan, um aforismo muito conhecido dentro da psicanálise, mas como assim esse é o único afeto que não mente?
Eu começaria primeiro pela fórmula do fantasma $<>a, que se lê: Sujeito barrado, punção de objeto-a, sujeito barrado e sua tentativa de relação sexual, conjunção sexual, com o objeto-a. Ou seja, o sujeito que busca sua completude, desfazer essa barra. Mas o sujeito só deseja por ser faltoso, por lhe faltar algo e esse algo precisa ser preenchido, assim é o movimento pulsional o que nos impulsiona, o que nos tira da inércia. E como toda falta gera angústia, mas o desejo nos move para nos afastar da angústia, já que pela falta conseguimos conquistar algo e momentaneamente afastar a angústia e trazer a tona o prazer da conquista.
Contudo, devido a herança simbólica e lembremos o que é o simbólico para Lacan, como sendo aquilo que ” Não sessa de se inscrever” ou seja, a pluralidade de sentido, sempre cabe mais um sentido, um significado. Então agora leremos assim a fórmula do fantasma: a<>$, que se leria, o sujeito se colocando como objeto para uma tentativa de completude com o seu grande Outro. Ou seja, o sujeito se coloca em posição fálica, como objeto de desejo desse grande Outro.
Mas como ele sabe o que vai completar esse grande Outro? Ora, aqui vamos para a grande pergunta fundamental: Che Vuoi. Traduzindo: O que esse grande Outro quer de mim? A resposta do Che Vuoi é a interpretação feita pela criança do desejo do seu grande Outro em relação a ela. Ou seja, como ela, criança pode completar esse Outro, como ela vê que esse grande Outro o deseja.
E difícil, mas muitas pessoas podem ter respondido a essa pergunta fundamental de maneira negativa. “Como meus pais sempre me trataram de maneira violenta, com xingamentos, deboche, não o levavam a sério, ela sempre estava fazendo algo errado… se torna um tanto obvio que essa criança pode enxergar a si como ruim aos olhos de seu grande Outro (pai e mãe) Já que no estádio do espelho a criança se enxerga e se define pelos olhos do Outro. Então, pasmem, mas muitas pessoas se veem como objetos fálicos para seu grande Outro sendo fracassados, estando inertes, dependendo do pai, da mãe, se vendo como perdedores, como alguém incompetente. E isso deve ser angustiante não é mesmo?
E agora, porque digo (aliás Lacan) que a angústia é o afeto que não mente, porque a<>$ … o sujeito se coloca como objeto de desejo do seu Outro, coloca-se como esse sujeito incompetente, fracassado, inerte. Aliás esse foi um exemplo existem inúmeros. A angústia não mente pois evidencia um sujeito não como desejante $<>a mas um sujeito colocado como objeto a<>$. Aliás Freud chamará esse objeto de Das Ding, A Coisa, que vem a trazer a completude, afastando o vazio que nos faz ser desejante.
Portanto, lembre-se sempre que estiver angustiado você está se colocando como objeto fálico para seu grande Outro e aniquilando o desejo em si, agindo apenas pela via do Gozo. Procure se psicanalista, seja um psicanalista online ou presencial, mas vamos juntos trabalhar para que essa angústia sesse, que você aprenda a lidar com ela, a não se colocar nessa posição que aliás, inconscientemente, está lhe dando muito prazer, mas que conscientemente muito desprazer.
Venha, entre em contato comigo, agenda sua consulta. A psicanálise é um processo lindo de auto conhecimento, não chame sua angústia de depressão, não chame sua angústia de ansiedade. Saiba o que acontece com você, para que juntos possamos tratar isso. E tenho certeza que a psicanálise online pode lhe ajudar.