A condição humana
A fantasia é o suporte para o desejo, ela é o freio ao empuxo ao gozo, freio à pulsão de morte, ela nos impede que a busca por Das Ding, a Coisa, aquilo que nos completaria sem deixar furos, faltas, seja alcançada. Assim, acabando com a angústia.
Segundo Lacan, o desejo é o remédio para a angústia, e se desejo, em última análise, é desejo de desejo. O que eu quero dizer com isso? Que o desejo está pautado na falta, ele se alimenta dela, é o desejo que move o homem, em última instância, a falta. Se o desejo entroniza a falta a fantasia inventa, imagina, FANTASIA o que falta.
Contudo não podemos viver em uma fantasia. E aí entra o quadro de René Magritte, “A condição humana” Ela nos mostra uma tela, que faz anteparo a uma janela, onde as duas se misturam e não existe certeza do que há lá fora.
A tela esconde na verdade um real insuportável, que Freud chama de “Hilflosigkeit” a desolação o total desamparo da condição humana. O quadro/fantasia está aí para burlar a castração, para negar a esse desamparo, para negar a incompletude.
E quando a fantasia é excessiva, quando o quadro se sobrepõe à janela, o resultado não seria outro se não a submissão do ambiente interno à completa escuridão.
Em análise o objetivo é criar um intervalo, um espaço, entre o quadro e a janela para não os confundir. Onde é realidade factual e onde é realidade psíquica/fantasia. A travessia da fantasia é essa libertação onde o sujeito se liberta do gozo e caminha rumo ao desejo.
A proximidade excessiva de seu quadro tende a construir uma realidade FIXADA, PRESA, INCAPACITANTE, afastando o sujeito, em última análise, do campo do desejo que a própria fantasia suporta.
A dor e o amor.
A dor é fundante do ego humano, ela limita, reforça e até sexualiza de modo que um novo prazer pode assumir o lugar de uma