A tela de René Magritte, A luneta de aproximação, nos mostra com maestria como a fantasia mediatiza o encontro com o Real, funcionando assim como uma tela protetora para o sujeito.
Nela vemos a imagem de um céu azul com nuvens em uma janela, uma aparente certeza do que, cotidianamente, encontraríamos nesse objeto trivial.
Contudo, quando entreaberta nos mostra que a aparente imagem é parte da própria janela, revelando, assim um vazio para além dela.
Um ótimo exemplo para nos mostrar como a fantasia serve como uma tela protetora ao fazer face ao Real, à falta de sentido.
E aqui invoco Kant ao dizer que o homem nunca percebe a realidade como ela é, mas a percebe com seus olhos, com a sua subjetividade, transformando-a em sua realidade fantasística.
Ademais, a fantasia serve, também, para fixar o desejo do sujeito a um determinado objeto, para fazer tela a das Ding. Fazer tela pois é só uma tela, é só uma imagem que de certa maneira vai ‘enganar’ a pulsão, escondendo o vazio de das Ding.
A travessia da fantasia seria ir ao encontro do Real, à dolorosa falta de significação. O doloroso abandono da alienação ao Outro, para assim se deparar com a sua verdade, se deparar com a falta de significação e dar o seu próprio significado à vida. O que em análise o paciente resiste a todo momento, de certa maneira uma infantilidade, uma dependência desse grande Outro (pai, mãe, sociedade) à simbolização, é ou Outro que significa para mim, é o Outro que diz o que é a verdade para mim. Tomar as rédeas de sua vida é algo doloroso, abandonar os significados e significantes pré estabelecidos é doloroso, é de alguma maneira entendida como abandonar ao pai, à mãe. Mas como diria Lacan: ” é preciso matar o pai”. É claro que não é no sentido literal, mas abandonar os seus costumes ruins, contestar o que foi ensinado por ele, já que o pai não é todo, não é completo, não tem as respostas para tudo. Então assim fazemos um processo de separação, separamos o que é bom e que podemos ficar com isso, e separamos o que é de ruim, e que precisamos abandonar, já que não nos serve bem.
Procure um psicanalista online, e lá que fazemos esse processo de desalienação, é somente com a psicanálise (seja na psicanálise online ou não) que podemos nos desvencilhar desse engodo criado pelo nosso grande Outro. E sim, a psicanálise é uma terapia, a psicanálise cura.