A fantasia do Grande Outro

A fantasia do Grande Outro e a realidade humana.

A relação com a mãe é poderosíssima, ela é quase que um super herói, um ser todo poderoso e que detém todo o conhecimento do mundo e que o dará para criança, que com todo esse poder estará sempre cuidando. Essa é a dinâmica do sujeito com o “Grande Outro” de Lacan. 

A mãe, sendo a primeira grande figura de autoridade e cuidado, estabelece um padrão que o indivíduo busca repetir ao longo da vida. Na infância, essa relação é marcada por uma dependência total, na qual a mãe é percebida como uma figura onipotente, capaz de atender todas as necessidades do bebê. À medida que crescemos e nos separamos fisicamente dessa figura materna, a busca por um substituto para esse “Grande Outro” continua. Freud observa que muitos recorrem a figuras de autoridade, seja Deus, mestres, professores ou parceiros amorosos, na tentativa de encontrar alguém que cuide, guie e ofereça uma segurança semelhante àquela experimentada na infância.

Freud, em sua vasta obra, discute a dificuldade humana de encarar a vida sem ilusões. A fantasia de um “Grande Outro” que vela por nós é, segundo ele, uma forma de escapismo, uma defesa contra a dura realidade da autonomia e da responsabilidade individual. O pensamento de Lacan complementa essa visão quando afirma que o “Grande Outro” é uma construção simbólica, uma tentativa de preencher a falta estrutural que caracteriza o desejo humano. Contudo, a realização plena dessa fantasia é impossível, pois, no fundo, não existe ninguém que possa resolver o enigma do nosso desejo ou nos fornecer uma verdade absoluta sobre quem somos e o que queremos.

Admitir que a busca por um “Grande Outro” é uma ilusão pode ser libertador, permitindo-nos aceitar a responsabilidade por nossos próprios desejos e escolhas. Isso, contudo, não é um processo simples, levando em conta que aceitação da autonomia pode ser dolorosa, uma vez que implica compreender que não há garantias e que o caminho certo é, muitas vezes, incerto e individual.
 

A queda desse Grande outro é essencial, é sobre isso que se trata a análise. Assumir nossas responsabilidades, nos tornar enfim um sujeito autônomo que encara sua própria verdade, seu próprio desejo. É experimentar a realidade como ela é, com o menor número de fantasias, que acabam por nos afastar da realidade e de nosso desejo. É em suma admitir que ninguém estará lá por nós a não ser nós mesmos, ninguém cuida, ninguém irá ajudar se você mesmo não o fizer, é duro, sim, mas essa é a realidade e o quanto antes acordamos para isso, antes conseguimos mudar nossas vidas.

A dor e o amor.

A dor é fundante do ego humano, ela limita, reforça e até sexualiza de modo que um novo prazer pode assumir o lugar de uma

Angústia da vida cotidiana.

         A angústia se conecta com a vida humana, com esse processo do questionamento, da decifração daquilo que não sabemos. A angústia

Pular para o conteúdo