Peguemos como exemplo o quadro “Nighthawks” em que tarde da noite quatro figuras solitárias ocupam um restaurante em uma esquina deserta. A luz da lanchonete ecoa através das vidraças às vazias calçadas da rua. Não há porta para receber ou acolher o espectador, que é feito exatamente como isso, espectador, deixado do lado de fora da rua, não há escolha a não ser ficar de fora e olhar.
No interior não parece ter diálogo, de frente para a tela um homem e uma mulher, ele com seu cigarro entre os dedos e seu café ao lado. Ela com seu sanduíche em mãos. Ao lado, outro homem sentado sozinho, entregue ao seu café, o atendente olha pela janela distraidamente. Não há interação, estão todos absortos em seu mundo, em seus pensamentos, em sua fantasia.
O retrato de Hopper, desses personagens enigmáticos, convida o espectador a se identificar com suas emoções e refletir sobre a natureza das relações humanas. Ao capturar os momentos aparentemente mundanos da vida cotidiana, “Nighthawks” transcende seu tempo e lugar, oferecendo uma reflexão penetrante sobre a condição humana e os desafios de encontrar conexões significativas em um mundo em rápida mudança, onde todos parecem estar perdidos em seus mundos particulares e negando ou evitando a existência de outros possíveis.
Na psicanálise, a solidão é muitas vezes vista como uma experiência fundamental do ser humano, que não é apenas a ausência de companhia, mas a desconexão interna que se reflete nas relações externas. Freud, por exemplo, falava da solidão como uma manifestação de um vazio psíquico, uma carência originada na infância que persiste na vida adulta.
Para ele, esse vazio pode ser tentado de várias maneiras, seja por meio de ilusões, como os personagens de Hopper parecem buscar em seus próprios pensamentos, ou pela incessante busca por gratificação imediata, como se nos distanciássemos cada vez mais da possibilidade de uma conexão real.
No quadro “Nighthawks”, essa distância é representada não apenas pela ausência de diálogo, mas pela separação física da rua e do interior do restaurante, como uma barreira simbólica entre o desejo de se conectar e o medo de se expor. A solidão, nesse sentido, não é apenas uma falta de presença, mas um reflexo de um estado emocional que, muitas vezes, preferimos não confrontar.
Assim, Hopper nos mostra como os personagens de seu quadro, imersos em seus próprios mundos fechados, talvez se sintam, no fundo, mais confortáveis em sua alienação, evitando a dor de se expor ao outro, mas, ao mesmo tempo, aumentando o abismo entre eles e as possíveis conexões que poderiam oferecer algum alívio.
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